Se você é mãe e trabalha viajando para Orlando, já sabe que nem sempre é fácil deixar nossos pequenos em casa, não é mesmo? A gente se divide entre a realização de estar fazendo algo que a gente ama e a culpa de estar lá sem eles. No meu caso, o que sempre pesava mais era o efeito da minha ausência.
No início era mais simples, com a Rafa pequena ela não tinha tanta noção do tempo e os dias passavam mais rapidamente… isso porque normalmente as viagens aconteciam no período de férias escolares, quando meu marido também tirava uns dias pra ficar com ela. Além disso, nessas época sempre tivemos a ajuda dos avós e minha sobrinha, com quase a mesma idade, estava sempre junto. Como eu disse, era simples: ela tinha uma galera cuidando dela, estava de férias e tinha outra criança pra brincar.
Naquela época, eu tirava fotos assim com eles em todos os lugares em que passava, e ela recebia numa boa. Só que ela cresceu, e começou a entender o tempo. Ela chegou a ficar mais de uma semana sem falar comigo, e como nas últimas vezes ela já sabia contar no calendário, essa foi a primeira ferramenta a ser usada a nosso favor! Então construímos juntas um calendário meu e dela, no qual ela preencheria as atividades dela e as minhas.
Combinamos brincadeiras com a família, anotamos os dias em que ela tinha ballet, dia do brinquedo na escola, dia de ir na piscina com o papai e tudo o que ela gostava de fazer. Usamos adesivos, desenhamos, criamos dentro da linguagem dela de forma que ela soubesse o que viria no dia seguinte. Ela ia riscando os dias que faltavam pra eu voltar ao mesmo tempo em que se animava para o que ia acontecer aqui.
Comprei aqueles planejadores de mesa grandões que a gente encontra em papelarias, sabe? Eles já vem com os calendários prontos só pra gente preencher os dias. O resto você cria junto com a sua criança e faz esse ser um momento bem legal!
Com a proximidade do embarque, eu ia inserindo itens de viagem em casa, em lugares que ela pudesse ver: um dia tirava a mala do armário, no outro separava algumas roupas, e assim ia aos poucos associando essa preparação pela casa, visualmente falando mesmo. Ela ficava curiosa e entrava dentro da mala, o que virava uma brincadeira… eu pedia ajuda dela pra separar meus looks, acessórios, calçados e ela, que adora fazer essas produções, se divertia montando combinações com as minhas roupas.
Nesse momento, eu aproveitava pra conversar com ela explicando mais sobre o meu trabalho e porque ele era importante pra mim. Quando ela me questionou sobre o fato de deixá-la aqui, usei o seguinte exemplo: Pense numa coisa que você gosta muito de fazer! Pensou? Como você se sentiria se nunca mais pudesse fazer essa coisa?
Não foi fácil, mas explicar a ela que eu amo meu trabalho, que com ele ajudo pessoas e principalmente, que estar ausente não muda o que eu sinto por ela, foi o que fez toda a diferença.
Até aqui falei do que eu faço… mas preciso destacar que ter uma rede de apoio que te dê suporte é fundamental, e no meu caso, meu marido é o maior responsável pelos dias da Rafa passarem de um jeito mais gostoso. Por aqui, o Rafo já fez até jantares temáticos! Numa das viagens ele preparou o jantar da Bela e a Fera, e foi muito lindinho. Ela colocou o vestido da Bela, ajudou a arrumar a mesa e teve um momento especial com o papai.
Hoje ela está maiorzinha, já esteve em Orlando, então acompanha com um pouco mais de jogo de cintura. Ela se expressa muito mais intensamente, me cobra da ausência, me diz que também queria estar lá; hoje ela tem mais recursos emocionais pra dizer como se sente e consegue levar uma conversa com mais entendimento, o que é muito bom… e ao mesmo tempo, muito mais difícil!
No fundo, não é só preparar a Rafa pra quando eu estiver viajando, mas preparar ela pra que no futuro ela entenda que trabalho não é só pra pagar as contas, que ela pode ter satisfação profissional fazendo algo que ela ame, e que tudo bem fazer algo por ela mesma – as pessoas que a amam de verdade entenderão. Se a gente passa a vida abrindo mão dos nossos sonhos, um dia essa conta vem… eu não quero ser a pessoa que culpa a família por não ter realizado qualquer coisa, e acho que você também não. Quando a gente é feliz, a gente cria pessoinhas felizes também.
Tem várias outras coisas que eu faço pensando na Rafa, como levar fotos dela e ir registrando os lugares que visito, e claro, o livro que escrevi contando sobre o meu trabalho. Se você quer saber mais sobre a nossa preparação por aqui, te convido a ver essa aula completa antes de viajar: Como eu preparo a Rafa para minha ausência durante as viagens (clique no link ou veja pelo atalho aqui embaixo)
Espero que goste, me deixa saber o que achou aqui nos comentários!