Se tem uma coisa que aprendi na marra, é que nenhum sucesso profissional cura a dor de uma mente (e de um coração) que adoeceu. Não basta saber administrar o negócio… a gente precisa aprender a administrar as próprias emoções, e se possível, com ajuda profissional.
Quando abri minha primeira empresa, casada mas sem crianças, minha vida era infinitamente mais simples. Eu tinha tempo e tinha o privilégio de ter meu marido trabalhando junto comigo; ele ia aos meus eventos, me acompanhava na estrada, estávamos juntos. Eu não ganhava rios de dinheiro, mas estava feliz investindo no meu negócio… tinha a sensação de estar construindo algo meu, e isso era sucesso. Sem falar em todas as viagens a trabalho pra Orlando que eu fazia 2, 3 vezes ao ano… eu era paga (em dólar) pra passar o mês inteiro na Disney. Diz se isso não é sucesso?
Com a chegada da Rafaela, minha princesa mais velha, paralisei as operações profissionais por escolha. Eu já sabia que seria assim, havia me preparado pra isso… a ideia de empreender por si só já havia nascido do meu desejo de estar disponível para minha família, de ser livre para decidir a agenda, sem amarras com a CLT. Eu tinha um combinado com o marido e por um ano inteiro, me dei ao luxo de ser apenas mãe… eu via minha bebê crescer de pertinho, e isso era um baita sucesso!
Até que esse sucesso virou rotina, e eu, ariana cheia da energia de criação, me vi desesperada por retomar a carreira. Deu saudade de viajar, de resgatar um papel que só eu podia desempenhar, do qual me orgulhava de fazer muito bem. Sempre amei trabalhar, aprender, crescer colocando meus talentos pra jogo.
Olha só que coisa: antes não bastava ser só profissional, eu queria ser mãe. Depois não bastava ser só mãe, eu queria ser profissional. Eu queria os dois, na mesma proporção, ao mesmo tempo, com o mesmo sentimento de dever cumprido ao final do dia. Só que isso não existe… tem dia que a gente é melhor maternando, e o trabalho fica em segundo plano. Tem dia que a gente é melhor trabalhando, e o maternar fica em segundo plano. De repente foi ficando mais difícil, mais pesado.
Louca pra resolver tudo de uma vez, tentei equilibrar as coisas voltando pra CLT. Voltei a viajar pra Disney, voltei a ter um salário (e certa estabilidade) e advinha só: cadê o sucesso? Meu corpo começou a pedir socorro, minha filha adoeceu também. Meu casamento estava passando por um dos momentos mais desafiadores que já tivemos. Ali eu entendi que sucesso só vem quando a gente não corrompe os próprios valores.
Pra me reencontrar com o tal sucesso, eu abri mão de alguns dos meus princípios fundamentais: liberdade e família. Ao entender que não daria certo, zerei e comecei de novo – começar de novo, inclusive, nunca foi um problema pra mim! No fundo, eu sempre gostei do desafio, da emoção de estar diante de algo incrível que poderia ser criado. E lá fui eu abrir a minha segunda empresa, dessa vez com um pouco mais de experiência e… traumas.
Com o novo CNPJ veio também uma baita de uma trava, um medo sem razão que me obrigou a procurar ajuda. Eu queria vencer, eu precisava vencer, e dessa vez, eu tinha uma pressão maior: era minha segunda empresa… antes eu estava construindo, dessa vez eu não podia errar. Eu precisava de resultado, precisava do dinheiro entrando, precisava que meu marido me visse como uma empreendedora de sucesso, eu precisava provar pra mim, pra ele, e pra uma galera que me descredibilizava que eu dava conta, que eu era o sucesso. E tinha que fazer tudo isso sendo mãe, sendo a primeira a parar no trabalho pra cuidar da filha doente, afinal, eu empreendia pra ter a agenda livre, lembra?

Pra sobreviver, fui pra terapia. Felizmente, encontrei ajuda profissional que me permitiu colocar os sentimentos em ordem, e fui desenrolando meus nós um a um, na medida em que criava outros… quem nunca?
De lá pra cá, passamos pela pandemia, abri minha segunda empresa para sociedade, saí da sociedade e abri mão dessa segunda empresa, comecei do zero de novo… e estou grávida da minha minha princesa mais nova, Manuela. Minhas definições de sucesso foram atualizadas inúmeras vezes, até que eu pudesse estar aqui pra te dizer: sucesso é o que te faz feliz e não te adoece, é o que te permite ser você em total alinhamento com seus valores fundamentais.
Demorei, mas entendi qual era a MINHA definição de sucesso. Na minha definição de sucesso, família vem antes de trabalho, liberdade vem antes de algoritmo, paz de espírito vem antes de querer estar certa e dinheiro é a consequência de escolhas profissionais que me permitem tudo isso. Sucesso, hoje, é estar em paz, sem depender de estar na Disney pra isso, a magia está onde eu estiver.
Mas essa é a minha definição… e a sua?
E se você achar legal e gostar de conteúdos em vídeo, aqui tem uma aula sobre esse tema: Trabalho dos sonhos