E não é que a Disney me chamou de volta? Menina, que loucura! Depois de sofrer com muita DPD (depressão pós disney) eu tive uma segunda chance, e agarrei com toda a intensidade.
Eu já estava formada em turismo e hotelaria, trabalhava numa agência que estava começando a crescer com grupos a Orlando e eu já atuava como guia nas temporadas. Era legal, mas no fundo eu queria viver coisas novas em algum outro lugar… então quando chegou o e-mail sobre o programa eu não pensei duas vezes. A resposta era sim, mil vezes sim! E a gente nem precisaria passar pelo processo seletivo, era só aceitar, tirar o visto e embarcar.
Isso aconteceu no começo de 2006, e anos depois, descobri que esse programa, que na época não tinha nem nome (meu certificado saiu com o nome do visto) foi um piloto do que viria depois como o International Park Greeter, famoso PG. O plano era ficarmos ao menos 6 meses, e a oferta das vagas era apenas para a área de alimentos e bebidas, mas ao longo do programa bastante gente conseguiu mudar para posições em atrações; como fui convidada a ser treinadora (tem um post aqui contando essa experiência) eu fiquei onde estava mesmo e fui muito feliz!
A impressão que a gente teve ao chegar lá era que a Disney precisava contratar uma galera e não tinha planejado bem como seriam os detalhes… ao invés de irmos para um dos condomínios de Cast Members da época, como o Vista Way, Chatham e Commons, fomos alojados num resort, que embora parecesse um privilégio, muita gente odiou, eu amei cada segundo.
Fomos morar no Treehouse Villas, que hoje é um tipo de suíte familiar do Saratoga Springs Resort (busque por Treehouse aqui para conhecer) e ficamos isolados do mundo: diferente do que acontecia nos outros condomínios, ali estávamos entre resorts do complexo e por isso não havia NADA em volta. Nada de Walgreens, nada de ir caminhando até o Premium, nada de nada. A Disney disponibilizava o transporte dali para o Magic Kingdom, que era onde todo mundo que morava ali trabalhava, além de Downtown Disney (como a gente chamava Disney Springs na época) e para o Walmart.
Eu que nunca fui muito de festa, amei morar no Treehouse. Eu adorava caminhar no meio do verde e só ouvir barulho de passarinho, ver as borboletinhas pelo caminho, a vista das árvores na janela. Sério, eu achava tudo lindo! E como fui da primeira turma a se mudar, dei a sorte de ficar na casinha logo na entrada, então o ponto de ônibus era na minha porta, o que facilitava ainda mais a vida.
Ter trabalhado no Summer, que foi como a gente passou a chamar esse programa, me trouxe TANTAS coisas incríveis! Nos programas de universitários a gente fica pouco tempo, quando começa a pegar jeito já é hora de ir embora. No Summer a gente teve a dádiva do tempo, e com a experiência prévia do ICP, a gente já sabia circular melhor pela cidade, usava mais os benefícios, curtia mais… não éramos mais novatos, e a gente se achava o máximo!
Em termos de experiência de trabalho, no começo eu não gostei do meu restaurante, mas depois o Columbia Harbour House ganhou um espação no meu coração. Eu fazia caixa, balcão, estoque e praticamente todas as posições que tinham contato com o visitante, só que eu tinha um plus: como no programa anterior havia sido custodial (da limpeza, lembra?) e meus treinamentos de custodial ainda estavam válidos, eu também podia atuar nas posições de limpeza ali dentro – o que era bom quando chegava a baixa temporada, porque eu podia pedir mais horas de trabalho se quisesse ganhar mais.
E falando em ganhar mais, eu fiz MUITA hora extra! Pegamos a temporada de verão e os meses de junho e julho foram de parques super cheios, então eu aproveitava para trabalhar em todas as áreas possíveis, não só porque eu queria conhecer, mas principalmente porque eu queria usar costumes diferentes!
Na Disney não usamos uniformes, usamos fantasias… por isso sempre me refiro ao meu visual como costume. Bom, a costume do Columbia era essa da foto com chapéu de vovozinha, que eu não curtia muito. Mas quanto tinha hora extra, eu me divertia. Minha favorita era a costume do Casey’s Corner, o restaurante da esquina da Main Street com tema de baseball, sabe? Eu era louca pra usar aquele look!
De todas as coisas legais de um programa com duração mais longa, a melhor delas é a relação que a gente pode criar com as pessoas com as quais dividimos a jornada. Tudo aconteceu entre 2006 e 2007 e até hoje tenho minha roommate como uma das minhas melhores amigas. Já tive a oportunidade de convidar colegas de programa para trabalhar comigo como guia, tenho projetos em comum com amigos daquela época e sigo em contato com colegas gringos desde então. Foi incrível, e profissionalmente, pude aproveitar demais o programa.
Hoje, com 40 anos, posso dizer que ter sido Disney Cast Member mudou a minha vida, mas não me fez parar no tempo. Muita gente volta desses programas sentindo que não existe outro lugar no mundo para se trabalhar e que nada pode ser capaz de superar a experiência de ser Cast Member… é realmente muito marcante, mexe com as nossas emoções. Me sinto feliz em dizer que vivi exatamente o que precisava viver naquele tempo, e que segui em frente aplicando tudo que aprendi na construção da minha carreira, trilhando meu próprio caminho.
Se você já trabalhou na Disney, me conta mais aqui nos comentários!